Enquanto continuo resumindo os dias aqui no SXSW vale ressaltar que esse é um recorte muito pessoal do que estou vendo no evento. Com literalmente milhares de palestras acontecendo vou destacar, dentre as que consegui acompanhar, aquelas que me renderam boas ideias.

Com uma palestra dividida em duas partes (e dois dias) David A Stubbs II da Cultural-Shift falou da Pedagogia do Espaço. Mostrou como usamos até hoje modelos de mobiliários da época da 1ª guerra mundial.

E a partir daí começou a mostra como as crianças raramente usavam o mobiliário como esperávamos:

 

Amontoarem-se em um canto da mesa, sentarem nas mesas, sentarem se no chão, ficarem de pé, etc. Nunca pensei nisso como parte do aprendizado, mas nos estudos de David, a distância física e social mostrou-se fundamental no desenvolvimento do aprendizado, principalmente quando queremos que os alunos trabalhem de forma mais colaborativa.

Faz muito sentido se pensarmos que até pouco tempo todo o mobiliário colocavam os alunos distantes entre si e de repente queremos que todos sejam colaborativos e sociais. A mudança tem que ocorrer também no espaço físico, diminuir a distância física para criar uma proximidade social.

A partir daí passou a trabalhar em mobiliários que pudessem ser combinados de diferentes maneiras e facilmente reorganizados pelas crianças durante a aula, tudo isso sem ignorar ergonomia e postura e a necessidade das tarefas que seriam executadas com esse mobiliário. Uma combinação de conforto, ergonomia, usabilidade e interatividade social.

Eastwood Elementary in Irvine

Diferentes alturas, tamanhos, rodinhas, materiais leves, mais espaço disponível. É preciso fazer as pazes com o caos e entender que muitos educadores tem dificuldade de fazer uma transição tão agressiva, por isso o mesmo mobiliário pode ser organizado de uma forma próxima a uma sala de aula tradicional e ir se espalhando / movimentando aos poucos.

O que importa no final é se cada um está aprendendo sem atrapalhar o aprendizado do outro.

Outro conjunto de palestras interessantes foi sobre startups dentro das universidades, a primeira foi de Caroline Winnett da Berkeley Skydeck uma aceleradora dentro da Universidade de Berkeley que já levantou mais de US$ 1 Bi de investimentos, teve 25 investimentos em Series A e B e 10 Exits por aquisição.

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Para fins de comparação a ACE, aceleradora mais bem sucedida do Brasil e considerada a melhora da América Latina, teve 9 Exits de sucesso.

A aceleradora é uma instituição separada das unidades de pesquisa, o objetivo é acelerar projetos que estejam prontos para ir ao mercado e parte dos fundos é destinada a universidade. Aliás o principal argumento para chamar a audiência para essa palestra era usar a aceleradora como uma forma de levantar fundos para a sua instituição.

Conectada com essa ideia praticamente em seguida vi a apresentação de Roberto James, reitor de empreendedorismo da Tecnológico de Monterrey que explicava como inseriram um semestre inteiro de empreendedorismo em seus cursos.

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50% das startups criadas no Semestre I (onde I significa Inovação) continuam após a universidade. Nada mal se pensarmos que são como trabalhos de conclusão de curso.

Muito mais do que criar um argumento sexy de vendas o Semestre I da Tecnológico de Monterrey prepara o aluno para competências chave no mercado de trabalho atual como:

  • Avaliar o modelo de negócios;
  • Integrar os recursos necessários para um projeto;
  • Especificar a proposta de valor;
  • Implementar estratégias de aquisição de clientes;
  • Comunicar de forma eficiente para clientes, investidores e equipe de trabalho;
  • Combinar as forças pessoas e profissionais do seu time.

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Mesmo que você não pretende sair da universidade com um empreendimento próprio, com certeza o aluno da Tecnológico da Monterrey sai bem melhor preparado para o mercado de trabalho como um todo.