Co-criação foi a palavra do dia por aqui, numa era de tantos generalistas é preciso procurar os especialistas para criar. Os especialistas estão em todo lugar: no mercado, nas escolas, na indústria criativa, no SXSW, no Brasil e nos repositórios de dados da inteligência artificial acessível através dos LLMs como ChatGPT, Google Gemini, Claude e outros.

Co-Creating the Near Future with Spatial Computing & AI (by White Rabbit)

Preciso começar agradecendo as queridas Luciana Bazanella e Vanessa Mathias pelo convite. Esse conteúdo foi oferecido num café da manhã promovido pela White Rabbit, empresa que faz imersões (para eventos no exterior como o SXSW), reports (organizando conteúdos e tendências de mercado e hubs de inovação) e downloads (apresentações em empresas de aprendizados e resumos de conteúdos de eventos globais).

Nesse encontro matutino com Neil Redding, fomos convidados a imaginar um mundo onde a co-criação entre humanos e tecnologia não apenas transforma nossos modelos de negócios, mas também como percebemos e interagimos com nosso entorno.

Falamos de co-criar a realidade, de co-criar alucinações, das convergências entre inteligência artificial, computação quântica, neurociência. E acabamos esbarrando na questão dos vieses da inteligência artificial.

Quem acompanha meu conteúdo sabe que eu defendo a regulamentação da IA, que eu oriento sobre procurar vieses nos dados e trabalhar consciente de que esses vieses existem. Isso dito preciso ressaltar que os dados tem vieses porque humanos tem vieses.

Precisamos procurar compreender e isolar os vieses nos dados? Sim, mas para mudar a realidade ,precisamos mudar o que acontece ao nosso redor! Precisamos mudar os humanos, os dados são uma consequência do que acontece na sociedade. Às vezes os dados não tem representatividade? Sim. Porém, mesmo com representatividade, a nossa sociedade ainda tem todos esses vieses e eles vão acabar documentados nos dados.

Beyond Today’s Trends: Future Consumer Economies

Como o mercado consumidor de 2035 irá forçar o comércio e sociedade? Segue um resumo de como a apresentação, Leah Johns e Joëlle de Montgolfier da Bain & Company, apresentaram e desdobraram essas questões:

Tendências de Consumo

  1. Sustentabilidade e Consumo Consciente: Consumidores estão cada vez mais interessados em reduzir desperdícios, com um foco em utilizar o que já possuem e buscar soluções sustentáveis para suas necessidades.
  2. Automatização para Liberação de Tempo: Há uma crescente demanda por tecnologias que automatizem tarefas mundanas e triviais, liberando tempo para atividades que agregam mais valor à vida dos consumidores.
  3. Mudanças no Mercado de Trabalho: A evolução do trabalho, com mais pessoas procurando carreiras alinhadas com suas paixões e bem-estar, além do crescimento do trabalho remoto e marketplaces profissionais.
  4. Empoderamento do Consumidor como Produtor: Consumidores têm as ferramentas necessárias para se tornarem empresários de si mesmos, criando produtos e serviços para outros consumirem.
  5. Saúde Holística: Uma visão ampliada de saúde que inclui não apenas o bem-estar físico, mas também a saúde mental, social e financeira.

Respostas Tecnológicas e de Modelos de Negócio

  1. Serviços de Assinatura e Troca: Empresas devem oferecer serviços que permitam aos consumidores trocar, reparar ou reciclar produtos, incentivando um ciclo de vida sustentável para bens de consumo.
  2. Assistentes Pessoais AI e Automação Doméstica: Desenvolvimento de assistentes AI e tecnologias de automação que cuidam de tarefas domésticas e administrativas, liberando tempo dos consumidores.
  3. Modelos de Trabalho Flexíveis e Educação Continuada: Adotar e suportar novos modelos de trabalho que sejam flexíveis e promovam a educação e o desenvolvimento contínuo de habilidades.
  4. Plataformas de Empoderamento do Consumidor: Criar plataformas que forneçam as ferramentas necessárias para que os consumidores criem, vendam e promovam seus próprios produtos e serviços.
  5. Soluções de Saúde Integradas: Oferecer soluções de saúde que abordem o bem-estar holístico do consumidor, incluindo tecnologias de monitoramento de saúde, programas de bem-estar e acesso a informações de saúde personalizadas.
  6. Reconstrução do Tecido Social: Empresas e tecnologias devem buscar maneiras de reconectar pessoas, criando espaços virtuais e físicos que promovam a interação social e o senso de comunidade.

Apesar da palestra citar 2035 como o marco dessas mudanças, muitas delas já podem ser vistas desde em determinados grupos de consumidores. Meu conselho é: estar constantemente monitorando o comportamento do seu consumidor. Talvez no seu mercado essas mudanças já estejam acontecendo e esperar até 2035 será tarde demais para conquistar ou manter sua fatia de mercado.

Billion Dollar Teams: The Future of an AI Powered Workforce

O título da palestra evoca uma fala que viralizou (muito) de Sam Altman, da OpenAI, falando de empresas que poderiam valer bilhões de dólares com uma única pessoa trabalhando com o auxílio de inteligência artificial.

Se isso vai acontecer é bastante controverso, mas a realidade é que sim, é possível substituir boa parte do que acontece dentro de uma empresa por inteligência artificial e obter ótimos resultados. Nessa palestra Ian Beacraft faz uma reflexão sobre essa transformação da força de trabalho que já está em andamento.

Reimaginando o Trabalho

A era da inteligência artificial nos convida a repensar a natureza de nossas funções profissionais. O especialista, valorizado por seu conhecimento profundo em uma única área, dá lugar ao generalista criativo.

Este novo profissional, armado com a capacidade de IA, é capaz de atravessar diversas disciplinas, contribuindo com ideias inovadoras e soluções integradas. A IA, servindo como um multiplicador de forças, possibilita que esses generalistas criativos apliquem seus conhecimentos variados de maneira eficaz, transformando ideias em ações com uma velocidade e precisão sem precedentes.

Novos Modelos de Trabalho

No local de trabalho a automatização assume as tarefas repetitivas e de baixo valor, liberando os humanos para se dedicarem a desafios mais complexos e à inovação criativa.

Esse relacionamento sinérgico entre humanos e máquinas realça o valor da criatividade humana, ao mesmo tempo que a IA oferece ferramentas para amplificar essa criatividade. A colaboração entre humanos e IA não apenas aumenta a produtividade, mas também enriquece o processo criativo, abrindo novas fronteiras para a exploração e a inovação.

Codificação do Conhecimento e Segunda Mente

A IA apresenta uma oportunidade para codificar conhecimento, atuando como uma “segunda mente” que estende a capacidade cognitiva humana. Esta extensão digital do intelecto humano não só melhora a tomada de decisões e a resolução de problemas, mas também democratiza o acesso ao conhecimento especializado, tornando a expertise mais acessível a todos os níveis da organização.

Prototipagem e Ideação Aceleradas

O que antes exigia semanas de trabalho meticuloso e colaboração interdepartamental agora pode ser realizado em questão de horas ou até minutos. Ferramentas de IA, ao processar e gerar modelos, designs e protótipos, permitem uma iteração rápida e um desenvolvimento de produto mais ágil.

Essa capacidade de aceleração não apenas reduz o tempo de entrada no mercado para novos produtos e serviços, mas também estimula uma cultura de inovação contínua e experimentação.

Estamos diante de uma transformação abrangente que afeta como vivemos, aprendemos e interagimos uns com os outros. A necessidade de abordagens inovadoras na educação, treinamento e gestão organizacional nunca foi tão crítica.

Brazil Creative Economy Meet Up

Neste encontro, as organizadoras, Luciana e Vanessa da White Rabbit, convocaram a visão de um Brasilverse não apenas como uma ideia, mas como um chamado à ação para criarmos um futuro no qual desejamos viver.

Inspirados pela multiculturalidade brasileira (aspecto que eu gostaria de levar do Brasil para fora), discutimos como a economia criativa brasileira pode promover a diversidade, criatividade e inovação, apoiando o desenvolvimento de espaços digitais inclusivos e engajadores.

Como alguém que trabalhou durante um tempo em projetos educacionais voltados para recortes minoritários (refugiados, pessoas negras, mulheres e LGBTQIAP+) eu gostaria de pontuar que acho maravilhoso que isso está sendo muito discutido, porém ainda falta muita gente fazer algo para que as mudanças realmente se acelerem.

Conversational Video AI: Talk to Anyone Anywhere all at Once

Stephen Smith, co-fundador da StoryFile, apresenta uma plataforma de inteligência artificial conversacional em vídeo. Esta tecnologia visa autenticar e ampliar o alcance de histórias humanas por meio de interações digitais. Com exemplos como William Shatner e a própria mãe de Smith, a palestra mostra o potencial da IA conversacional para preservar e compartilhar experiências pessoais, conhecimentos e sabedorias únicas de indivíduos, independentemente do tempo ou da distância.

Um dos pontos chave destacados é a capacidade dessa tecnologia de capturar e catalogar vastas quantidades de narrativas pessoais, tornando-as acessíveis para futuras gerações. Smith compartilha como gravou 620 perguntas com William Shatner, criando o que seria uma das entrevistas mais extensas do ator, e como fez uma sessão similar com sua mãe, assegurando que suas memórias e conselhos sobrevivam para seus descendentes.

Um ponto fundamental para Smith é a preservação da autenticidade humana, sublinhando que, embora a IA possa replicar vozes e aparências, a individualidade e as nuances das expressões humanas são insubstituíveis.

Também vimos aplicações médicas e educacionais, onde indivíduos como Eric, vivendo com ALS, podem compartilhar suas jornadas de forma interativa, oferecendo suporte e compreensão a outros na mesma situação.

Por fim, Stephen Smith vislumbra um futuro onde a IA conversacional torna-se uma ferramenta cotidiana, transcendendo barreiras linguísticas e culturais para conectar humanos globalmente.

A visão de um mundo onde podemos aprender uns com os outros, independentemente de limitações temporais ou geográficas, parece um daqueles pensamentos felizes que eu tinha no começo da internet, espero dessa vez a história seja um pouco mais positiva.