O que é o metaverso?
O termo metaverso surgiu em 1992 no livro de ficção científica Snow Crash (Nevasca no Brasil) escrito por Neal Stephenson. Ainda na ficção científica vimos conceitos similares em filmes como Matrix e Ready Player One (ou Jogador Nº 1 no Brasil).
O termo foi popularmente adotado para falar de espaços virtuais como os antigos Second Life e World of Warcraft, os contemporâneos Minecraft, Roblox, Fortnite e Gather, e os mais atuais Decentraland, Axie Infinity e The Sandbox.
Atualmente usa-se metaverso para descrever qualquer ambiente de realidade virtual incluindo o Horizon Workrooms da Meta (Ex-Facebook).
As 7 camadas do metaverso
Vou tomar emprestado um conceito que encontrei lendo esse artigo de Jon Radoff “The Metaverse Value-Chain” para explicar diversas perspectivas do metaverso e como elas se relacionam.

1. Experiência
Não é apenas sobre jogar, é sobre viver uma experiência 3D, é sobre experimentar uma realidade diferente do mundo físico em que vivemos.
Nos jogos de realidade virtual você pode escolher ser um astro do rock, um Jedi, um piloto de Fórmula 1, voar ou ter outros superpoderes.
Mas também existirão outras experiências não relacionadas a jogos, como shows de música e teatro onde você pode estar no meio da multidão ou sentado na 1ª fila. Os lugares mais caros de um evento, que antes eram limitados a poucas pessoas, poderão ser vendidos infinitamente no espaço digital.
As indústrias de entretenimento, esportes, turismo e educação entre outras serão completamente modificadas com a criação de experiências digitais que vão potencializar as experiências presenciais.
A camada de experiência é que me faz compartilhar com outras pessoas o que eu vivi.
2. Descoberta
Uma vez que a maioria das experiências é mais estimulante quando vivida em grupo do que individualmente a descoberta social será uma dos fatores mais importantes do metaverso.
Saber quais são os apps “quentes” do momento, com melhores reviews ou preferidos do público é interessante, mas saber onde meus amigos estão agora é um fator chave de descoberta sobre o que vou fazer em seguida.
A camada de descoberta é o que me faz voltar com frequência em uma experiência que já conheço.
3. Creator Economy
A liberdade de criar seus próprios avatares, seus prédios, seus jogos e até criaturas dentro das plataformas do metaverso é um dos seus principais atrativos.
As propriedades dentro desses espaços em geral é controlado por NFT, um token não fungível uma das bases da Web 3.0.

Pessoalmente eu não gosto de separar a Web em “versões”, temos uma única web evoluindo aos poucos conforme surgem tecnologias, mas é inegável que os termos web 2.0 e web 3.0 se popularizaram. Quem defende essas separações separa a internet em períodos conforme resumo a seguir:
A Web 1.0 é a era da leitura. Poucas pessoas podiam produzir conteúdos, era preciso conhecer códigos e os sites eram basicamente páginas estáticas. Pouca infraestrutura e pouco acesso.
A Web 2.0 é a era da escrita, ou era social. Todo mundo pode produzir conteúdos, existem apps para praticamente qualquer coisa. Temos infraestrutura para video streaming e chegamos na casa de bilhões de usuários.
A Web 3.0 é a era da propriedade. Usuários tem propriedades sobre suas criações e as exploram diretamente. As plataformas da web 3.0 vivem das transações, já na web 2.0 vivem de explorar as criações dos indivíduos. A infraestrutura vai além do computador e smartphone, chegam as rede 5G com mais latência e largura de banda, porém o acesso as plataformas da web 3.0 ainda é restrito a trendsetters ou públicos segmentados como gamers. A principal forma de garantir a propriedade de bens digitais na web 3.0 é o NFT.
NFT
NFT é a abreviação de Non Fungible Token (Token Não Fungível em português). Um bem fungível é uma coisa com valor definido que pode ser substituído por outro equivalente, um exemplo de bem fungível são as moedas de diferentes países. Um bem não fungível é único, como por exemplo as obras de arte.
No mundo digital foram criados tokens fungíveis, as criptomoedas como bitcoins e ethereum e os tokens não fungíveis, para representar propriedades de bens digitais únicos. Um NFT pode ser um meme, ou outro ativo digital criado diretamente na internet, pode ser a representação de um bem físico ou até de um momento, como por exemplo um ingresso de um show. Nesse caso do show o NFT pode conter uma criação do artista bem como dar acesso a uma experiência.

O que NFT tem a ver com Metaverso?
Hoje em plataformas como Decentraland você pode exibir seus NFTs como obra de arte dentro da sua casa virtual.
Em Axie Infinity as criaturas com que você joga são NFTs, você pode jogar com as criaturas, alugar para outros jogarem, procriar as criaturas buscando cruzamentos que vão gerar criaturas mais fortes ou negociar as criaturas que tem seu valor variável de acordo com o potencial que elas tem dentro do jogo ou para cruzamento com outras criaturas.
O ingresso para a turnê de despedida do Milton Nascimento é um NFT, além de dar acesso ao show e coquetel ele é um ativo digital colecionável.
No futuro criadores de conteúdo poderão vender avatares customizados, acessórios (bolsas, roupas, chapéus) e outros tipos de arte para que os indivíduos possam personalizar seus espaços virtuais.
A camada Creator Economy representa as minhas propriedades no metaverso.
4. Spatial Computing
Spatial aqui é o espaço ao seu redor (e não o espaço das estrelas e planetas). Essa camada representa toda a tecnologia utilizada para criar espaços tridimensionais e integra-los com o mundo real.
- 3D Engines para criação de apps (Unity e Unreal)
- Mapeamento de espaços e reconhecimento de objetos
- Reconhecimento de voz e gestos
- Integração de dados entre Internet das Coisas (IoT) e biometria
A camada Spatial Computing representa as tecnologias utilizadas para criar e interagir com o metaverso
5. Descentralização
Ao contrário do que aparece no filme Ready Player One (Jogador Nº 1) a estrutura ideal do metaverso é ser descentralizada ao invés de pertencer a uma única empresa. Se queremos que ele realmente seja uma camada que participa de todos os momentos de nossas vidas isso não pode estar nas mãos de uma única empresa.
O cenário mais provável no futuro são de diversos sistemas operando de forma integrada, compartilhando avatares, NFTs e outros objetos, tudo registrado em blockchains como o Ethereum onde os dados estão distribuídos em servidores diversos ao redor do mundo.
Hoje já temos várias plataformas, mas elas não estão integradas entre si.
Outra característica da camada de descentralização são as empresas descentralizadas que surgem com as tecnologias do metaverso.
DAO – Decentralized autonomous organization
As DAOs são empresas cuja propriedade pertence aos membros da comunidade e não tem uma liderança centralizada. A governança de uma DAO é coordenada usando tokens ou NFTs que concedem poderes de voto.
Uma das DAOs mais famosas é o Bored Ape Yatch Club projeto que vendeu 10 mil imagens de “macacos chateados” e transferiu para seus donos o direito sobre essas imagens. Com os direitos alguns usuários montaram uma banda (KINGSHIP) e outros uma lanchonete (Bored & Hungry).


Ao usar os Bored Apes em seus empreendimentos esses empresários garantem um reconhecimento de marca imediato de qualquer pessoa que tenha visto esses macacos chateados por aí, mesmo que não entenda nada de NFT ou Metaverso.
Celebridades como Shaquille O’Neal, Jimmy Fallon, Snoop Dogg, Eminem, Neymar Jr., Paris Hilton, Gwyneth Paltrow, Justin Bieber, Ozzy Osbourne e Madonna estão entre alguns dos proprietários de tokens do Bored Ape Yacht Club.

A camada de Descentralização cria oportunidades para novos tipos de negócios surgirem no metaverso
6. Interface Humana
Para acessar o metaverso precisamos de interfaces humanas. Hoje essas interfaces são mais popularmente oferecidas por óculos 3D como o Quest 2 da Meta.
No futuro podemos ter smartglasses que tenham as capacidades somadas de nossos smartphones e óculos 3D em um único dispositivo.
Ou lentes de contato de realidade aumentada ou ainda interfaces neurais.
A camada de Human Interface me proporciona novas maneiras de interagir com tecnologia além do computador e smartphone e simplifica o acesso de pessoas não familiarizadas com tecnologia
7. Infraestrutura
O 5G e posteriormente o 6G (que já está em testes em países como Índia, Japão, Coréia do Sul, China e Finlândia) serão chave no processo de popularização do metaverso. Ter baixo tempo de resposta (latência) e grande largura de banda será mandatório para uma experiência incrível.
Baixa latência (tempo de resposta) transformará as experiências no metaverso mais próximas das experiências reais, desde eliminar o lag de jogos online até tornar mais realística a nossa interação com objetos digitais criados em servidores na nuvem.
A crescente miniaturização dos dispositivos eletrônicos e baterias mais poderosas também são tecnologias chave para uma infraestrutura adequada do metaverso. Alguns anos atrás os óculos de realidade virtual eram pesados demais para serem utilizados, agora já pensamos em colocá-los em lentes de contato.
A ampla distribuição de infraestrutura de banda e equipamentos deve baratear o acesso ao metaverso que hoje ainda depende de equipamentos caros.
A camada de Infraestrutura tornará a expansão do metaverso acessível financeiramente para uma população cada vez maior
Gostou desse artigo? Encaminhe para os seus amigos!
Conhece algum case legal de Metaverso ou Web 3.0? Deixe nos comentários!