No dia 13 de dezembro eu recebi um e-mail de um amigo perguntando se me interessaria conversar com uns argentinos sobre uma escola que estava chegando no Brasil.
Quando olhei o site vi que os cursos eram de programação (trabalhei os primeiros 15 anos da minha vida desenvolvendo software) e de marketing digital (trabalhei nos últimos 10 anos exclusivamente com marketing digital). Parecia uma oportunidade que tinha muito a minha cara mesmo.
Eu não estava procurando nada, mas me interessava conversar com quem estivesse trazendo uma escola para o Brasil. Eu amo lecionar, dou aula desde os 14 anos, não que eu ache que adolescentes de 14 anos tem de dar aulas, mas algum maluco achou que eu servia para ensinar outras pessoas lá no longínquo ano de 1990 e eu sou grato a ele até hoje.
No dia 18 de Dezembro eu conheci o Sebas e o Mariano, o primeiro ficou uns 15 minutos na mesa e o segundo, falando num portenho bem arrastado, começou a contar sobre uma escola que parecia boa demais para ser verdade.
Depois de uma meia hora de conversa eu já tinha entendido o modelo de negócio deles e estava encantado, nunca achei que algo assim funcionaria, mas eles já estavam fazendo isso nos últimos 2 anos, não era mais uma teoria, era uma história de sucesso e a parte incrédula da minha mente foi obrigada a acreditar. Eu fiquei tão impressionado que disse que se não fosse a minha filha de 2 anos eu toparia trabalhar com eles por qualquer valor, Deus sabe que isso é verdade.
Fiz uma proposta por Whatsapp no dia seguinte. Dia 21 de Dezembro agendei uma entrevista na casa do Julio, nosso CEO, para o dia 29 de Dezembro. Então no meio das férias da minha família, eu fui lá fazer uma entrevista de emprego. Acho que a última vez que fiz uma entrevista de emprego foi em 2004. Além de descobrir que meu futuro chefe era uma simpatia descobri que Sir Richard Branson (da Virgin) era um dos investidores (através do The Rise Fund) da expansão para o Brasil. Dia 4 de janeiro quando perguntei sobre o processo por Whatsapp descobri que tinha sido aprovado.
Dia 12 de janeiro conheci a sede em São Paulo, um prédio vazio que se não fosse o Everardo (um misto de porteiro+recepção+segurança que ainda trabalha com a gente) que veio olhar quem era aquele estranho do lado de fora talvez eu achasse que estivesse fechado. Dia 14 de janeiro estava num avião para a Argentina para começar oficialmente no dia 15.
Foram 3 meses desde então. Passei esse tempo construindo uma equipe incrível, aproveitando cada hora do dia pra fazer networking, acho até que inaugurei uma nova categoria, o “vídeo pitch”, que surgiu como uma gambiarra, eu tinha um vídeo com legenda no meu Whatsapp contando sobre a Digital House e aconteceu que era uma ótima opção para falar da empresa nos happy hours que participei. E fiz muito churrasco e Papo Digital, compartilhando a mesma história que me emocionou com futuros alunos e especialistas.
Foram 3 meses acompanhando o Julio em palestras e reuniões, 3 meses discutindo opções de peças, e-mails, eventos e descrições do site com a equipe do Thiago, 3 meses brigando com o Milton sobre detalhes do co-learning e das salas de aula, 3 meses enchendo o saco da Débora e depois da Lu com dúzias de vagas, 3 meses discutindo com o Carlos sobre os contratos com os alunos, 3 meses tirando dúvidas da equipe de vendas. Foram 3 meses vendo a galera técnica que eu contratei se transformando em excelentes professores.
Parece que a minha vida inteira eu fui preparado para esse momento da Digital House. Tudo que eu aprendi sobre programação, startups e marketing digital e sobretudo sobre educação e pessoas está sendo útil nesse momento.
Mas o mais emocionante disso tudo é ver que 120 pessoas estão confiando na gente para mudar o futuro de cada uma delas. Tem 120 pessoas que vão passar 5 meses com a gente mudando a forma como elas enxergam o mundo digital.
Sabe, eu não virei o InterNey porque eu estava buscando fama e poder, lá atrás quando me deram o apelido de InterNey pela primeira vez foi porque eu ajudei alguém a se conectar com a internet. Minha vida toda foi ajudando as pessoas a usar ferramentas digitais, a se tornarem mais digitais. Tem gente que acha que não faz diferença mudar a vida de uma pessoa por vez, se você perguntar pra pessoa que teve a vida mudada a opinião dela vai ser um pouco diferente.
120 pessoas num país com 12 milhões de desempregados pode não fazer muita diferença no começo. Mas eu tenho certeza de que cada aluno vai sair da Digital House fazendo diferença no Brasil e assim, de forma exponencial, a gente vai mudar a cara desse país.
Do Everardo ao Sir Richard Branson, obrigado a todos vocês que tornaram esse sonho possível.
Um comentário em “Minha história na Digital House: 30 anos em 3 meses de startup”
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