Descubra qual é o papel do ser humano no mundo das máquinas criativas e aproveite uma supresa em primeira mão no final dessa newsletter!

Eu comecei a escrever com mais frequência por volta de 1997 no meu site. A primeira vez que olhei um texto meu e pensei “uau, isso ficou bom” foi por volta de 2002.

Antes de escrever sobre tecnologia eu criava tecnologia, comecei a produzir as primeiras linhas de código ali em 1989, um ano depois iniciava no mercado profissional como programador. Trabalhei profissionalmente com desenvolvimento de software até 2005. Ainda escrevi código regularmente até 2007, depois só de vez em quando sendo que a última vez foi em 2022. Como dizem por aí é difícil parar com alguns vícios.

Antes de me apaixonar pela tecnologia eu queria ser desenhista, fico um pouco triste pensando que demorei muito tempo para fazer desenhos razoavelmente bons e por falta de prática hoje sou um grande artista apenas no estilo “bonecos de palito”.

Como todo jovem adolescente eu também fui poeta, continuei com a poesia por um tempo até ter um poema publicado na “Antologia Olhos d’alma”. O poema se chama Universo e além do livro impresso pode ser lido no Web Archive.

Como um desenhista e poeta vira programador? Essa pergunta tem muitas respostas, mas nesse momento quero mostrar como essas coisas estão conectadas pela criatividade.

Para ser um bom professor eu precisei aprender a despertar a criatividade nas pessoas. A maior barreira de aprendizado é a limitação da visão de si mesmo como indivíduo criativo.

A criatividade do neurocirurgião que remove um tumor numa operação impossível e do agricultor que faz a colheita de uma terra que estava morta é a mesma. A diferença entre eles envolve oportunidade, vontade e dedicação. Mas não criatividade.

Uma das definições que mais gosto diz que criatividade é quando “manipulamos símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso meio“.

Podemos dividir essa definição em duas partes:

  1. Repertório: para manipular símbolos ou objetos externos precisamos ter posse desses artefatos em nossa mente.

  2. Objetivo: para produzir um evento incomum precisamos de um objetivo para direcionar nossa criatividade.

Muitas vezes achamos que os objetivos tem de ser lógicos e racionais. Nesse caminho equivocado muitos desprezam a arte, pois ignoram que ela tem objetivos emocionais.

Você pode ser criativo para fazer alguém feliz, para causar impacto na sociedade, para gerar uma reflexão, para expor uma situação inusitada, para criar algo inesperado.

Nós somos feitos de lógica e emoção. Ficamos tristes quando alguém morre. Logicamente é o ciclo da natureza. Emocionalmente é como se tirassem o nosso oxigênio. Você respira, mas seu pulmão não se enche de ar, falta algo, mas não é físico, é emocional.

Existe a criatividade para resolver problemas, para criar soluções e empreender. Mas também existe a criatividade para confortar, alegrar e provocar.

Quando falamos de repertórios cometemos os mesmos erros. É comum alguém que quer ser criativo desenvolvendo software aprender um monte de linguagens de programação, frameworks e outras tecnologias.

De fato essa pessoa terá mais repertório e será mais criativa especificamente na área de desenvolvimento de software quando já lhe derem uma orientação sobre que tipo de software precisa ser escrito. Ela está mais preparada para criar software.

Só que não é essa a criatividade que buscamos. Queremos ser a pessoa que teve a ideia de criar aquele novo produto que vai revolucionar o mercado.

Para ser a pessoa criativa em produtos digitais você precisa conhecer o mercado para o qual você quer criar o produto, conhecer as pessoas e seus problemas físicos e emocionais, conhecer as soluções existentes e conhecer as tecnologias que podem ser usadas para criar soluções digitais.

Quando você combina aspectos econômicos, sociais, emocionais e tecnológicos você está bem perto de usar a criatividade para te beneficiar profissionalmente.

Mas qual é a barreira? A gente deixar e lado o aspecto emocional da criatividade. Não dá pra ser bem sucedido somente com um aspecto da criatividade.

Do mesmo modo que o artista precisa da criatividade econômica e tecnológica para divulgar e vender sua arte. O empreendedor precisa de criatividade social e emocional para se conectar ao consumidor.

Agora vamos inserir a inteligência artificial na equação da criatividade.

Já faz um bom tempo que se discute se a inteligência artificial pode ser criativa. Eu já lhe adianto que sim, aqui tem uma longa reflexão sobre isso. A questão atual está mais nos limites dessa criatividade.

Em primeiro lugar é mais justo dizer que tudo que a Inteligência Artificial faz é uma co-criação com humanos, por vários motivos:

a) O modelo de inteligência artificial que está criando foi projetado por humanos.
b) A IA foi treinada por criações humanas.
c) O processo criativo é iniciado e direcionado a partir do comando de um humano.

Vamos pegar o exemplo do famoso ChatGPT. Ele usa o modelo de linguagem GPT 3.5, alimentado com bilhões de parâmetros.

Para responder aos comandos (prompts) dos usuários essa inteligência artificial cria uma sequência de texto que tem maior probabilidade de ocorrer naquele contexto baseado nos parâmetros que ela recebeu no treinamento.

No resultado muitas vezes temos um conteúdo que não esperávamos. Apesar de não ser algo inédito pode ser algo incomum para o humano que está operando o ChatGPT naquele momento.

Bem, se criatividade é “manipular objetos para produzir algo incomum” podemos considerar que a inteligência artificial foi criativa e deu ideias para aquele humano.

Ok, mas se essa criatividade já está programada na IA e pode ser extraída por qualquer operador humano onde entra o meu papel como indivíduo? Virei um engenheiro de prompt? Não, você ainda tem o seu papel criativo nesse processo.

Para além da criatividade de fazer as perguntas certas e dar os comandos da forma mais elaborada e completa possível, sua criatividade ainda é necessária para interpretar e expandir a criação da inteligência artificial.

O ChatGPT e outras inteligências artificiais generativas não vão fazer conexões entre áreas do conhecimento muito diferentes. Ao dar o prompt você cria uma restrição e ela trabalha ali naquele cercadinho. Ela tem uma memória rápida e invejável capaz de trazer listas e estruturas com mais velocidade do que criaríamos sozinhos, mas ela não vai fazer conexões inesperadas.

Faz muito tempo que minha amiga Martha Gabriel diz “se você não quer ser substituído por um robô, não seja um robô”.

A máquina é capaz de criar artes ou planos de negócios. Mas ela não pode conectar ambas as coisas. A inteligência artificial pode produzir um conteúdo bem completo como resposta a um comando, mas ele não contém suas experiências pessoais. O ChatGPT pode manipular o texto para produzir resultados incomuns, mas que não necessariamente são úteis ou verdadeiros.

Nessa nova era da criatividade o humano deve:

  1. Ser criativo para dar os melhores comandos.

  2. Ser experiente para validar o resultado.

  3. Ser criativo para conectar o resultado com outras áreas do conhecimento e outros aspectos do problema.

  4. Ser experiente para adicionar sua histórias, emoções e percepções humanas ao contexto.

Mais do que nunca vamos precisar ter mentalidade de programador para operar uma inteligência artificial, mas ainda mais importante vamos precisar ter criatividade artística para enriquecer os resultados.

Porque mais importante? Porque dá pra copiar e colar prompts de outras pessoas ou de repositórios online. Mas não tem como copiar criatividade artística.

Então, humanos criativos, vocês são mais importantes do que nunca.

E se você não se vê como criativo ou sente que é criativo apenas no aspecto lógico ou artístico, ainda dá tempo de desenvolver sua criatividade expandindo seu repertório. Dê um play no vídeo abaixo e veja como alguns gênios da humanidade fizeram isso:

Na semana do carnaval estive em Israel conhecendo a cultura de empreendedorismo e inovação do país que tem 1 startup a cada 1000 habitantes. Quer saber o que aprendi lá? Baixe esse e-book de 30 páginas com as minhas experiências e reflexões.

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Um grande abraço!

Edney “InterNey” Souza
Professor, Palestrante, Consultor e Conselheiro

2 comentários em “Criatividade em Tempos de Inteligência Artificial

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