O dia começou com uma palestra fantástica para os apaixonados pela corrida espacial. Em “Terra e Espaço: Vivendo nosso Futuro InterplanetárioAriel Ekblaw do MIT contou sobre os avanços e pesquisas sendo feitas para explorarmos o espaço.

Ela começa comentando sobre a nova corrida que envolve investimento privado no turismo espacial, aliás escrevi sobre esses voos “turísticos” ano passado aqui.

O que eu não sabia é que, além da ISS (estação espacial internacional) e da Tiangong (chinesa) já existem 3 estações espaciais comerciais em desenvolvimento pelas empresas: Axiom Space, Nanoracks e Blue Origin.

Enquanto isso, a NASA está planejando um novo programa para retornar à Lua chamado Artemis. Desde 1972 ninguém pisa em nosso satélite natural, as últimas missões fizeram parte do programa Apollo (deus do Sol), nada mais justo que as novas missões se chamem Artemis (deusa da Lua).

Uma das ideias do programa Artemis é montar uma base na Lua para, a partir de lá, explorar Marte com voos tripulados. Ainda existem muitos desafios, mas Ariel acredita que por volta de 2029~2030 devemos ter uma missão para Marte.

Atualmente existem mais de 40 projetos sobre espaço no MIT, um deles é o TESSERAE. Esse projeto consiste de placas que no espaço se atraem por magnetismo e formam estruturas que podem ser habitadas por humanos.

Por enquanto os protótipos ainda não estão sendo feitos em escala humana, mas já estão se unindo sozinhos. A ideia é substituir o trabalho arriscado de astronautas ao construir estruturas no espaço como estações espaciais. 

Esse e outros projetos do MIT podem ser encontrados no livro “Into the Anthropocosmos“.

Curiosidade: chegaram a criar até um instrumento que só pode ser tocado no espaço, pois requer gravidade zero.

Graças ao MIT, ao invés de sobreviver no espaço, a humanidade vai começar a prosperar no espaço.

Em seguida foi a vez do painel “Alienação de Marte: Desafios da Colonização Espacial“. Participaram Brooke Grindlinger (New York Academy of Sciences), Erika Nesvold (Justspace Alliance), Eliah Overbey (Weill Cornell Medicine) e Charity Phillips-Lander (Southwest Research Institute). Elas discutiram os desafios e problemas relacionados à exploração do nosso planeta vizinho.

Além dos desafios científicos temos as questões éticas, explorar um outro planeta pode requerer esforços que nunca foram considerados e podem ser prejudiciais.

Um dos maiores problemas é a radiação, é preciso blindar a espaçonave e os abrigos em Marte para sobrevivermos. Existem cientistas que estão pesquisando possíveis mudanças genéticas que nos ajudariam a enfrentar a radiação, mas é seguro modificar o DNA de alguém nesse sentido? E mesmo se o astronauta aceitar, esse tipo de alteração pode passar para uma próxima geração que não consentiu em ter o seu DNA editado.

Ainda não existem muitos estudos sobre o efeito da gravidade zero a longo prazo. A viagem para Marte pelo caminho mais curto dura 6 meses, só ida e volta já completam 1 ano. O mais longo estudo sobre permanência no espaço foi de 1 ano, porém com uma única pessoa. 

Scott Kelly passou um ano na Estação Espacial Internacional. Seu irmão gêmeo, Mark, ficou na Terra. Inclusive se você quiser saber mais sobre esse experimento pode ler essa matéria aqui.

Discutiu-se também sobre as restrições para ser astronauta, se vamos colonizar outro planeta os colonizadores precisam passar pelos mesmos testes? Quem teria direito de migrar para outro planeta? Que direitos essas pessoas teriam por chegar primeiro? São questões ainda não respondidas.

Apesar de tantas incertezas a NASA tem um ano como meta para viajar a Marte: 2035. Vale destacar que essa janela de 6 meses acontece a cada 2 anos.

Também discutiu-se sobre o risco de contaminação caso encontremos vida microscópica em Marte que seja nociva de alguma maneira. E, por outro lado discutiu-se se teríamos direito de mudar o planeta da forma como bem entendemos.

A maior polêmica fica por conta da reprodução. Se queremos ter uma colônia em Marte, vamos precisar nos reproduzir. Como fazer esse tipo de experiência? Duas pessoas consentem em gerar vida em Marte? Isso não seria experiência com grávidas e fetos, ambas proibidas atualmente?

Outro ponto ético discutido foi a questão do lucro com a exploração espacial. Apesar de temer as consequências de uma exploração comercial, as participantes do painel reconhecem que lucro pode ser necessário para a sustentabilidade de futuras missões interplanetárias. 

Existe uma corrida espacial, mas ainda existe muito para acontecer nos próximos 13 anos para que a humanidade esteja unida e alinhada nessa missão.