O dia começou com o painel “O reconhecimento de fala pode ajudar as crianças a aprender a ler?”. Participaram David Hatfield (McGraw Hill), Amelia Kelly (SoapBox Labs), Evo Popoff (Whiteboard Advisors) e Ralph Smith (Grade-Level Reading).

A resposta curta é não, mas poderia ajudar e muito! Um sistema de reconhecimento de voz poderia interagir com as crianças e fornecer muitas das informações que o professor fornece. Deixando o professor livre para lidar com as exceções e apoiar aqueles com problemas que a máquina não conseguiu resolver.
O problema é que modelos de reconhecimento de voz feitos para adultos não funcionam para crianças. Parte do modelo inclui a predição das próximas palavras da frase, o sistema analisa possibilidades de fala a partir daquele ponto e elege a mais próxima da voz que foi processada.
No caso de crianças essa predição não funciona. Elas têm objetivos diferentes dos adultos ao falar e fazem muitas construções gramaticais fora das regras tradicionais.
O lado bom é que, é possível criar modelos e já existem projetos explorando essas possibilidades.
Uma reflexão que surgiu aqui é que, devido a pandemia, professores e pais estão mais abertos ao uso da tecnologia. Devemos aproveitar essa oportunidade para desenvolver novas ferramentas para o avanço do ensino.

No painel “O ensino superior está pronto para sua carreira de 60 anos?” Rovy Branon (University of Washington Continuum College) trouxe vários dados interessantes:
- As pessoas com 20 anos atualmente tem 50% de chance de viver mais de 100 anos.
- Pessoas até 45 anos devem se aposentar próximo dos 85 anos.
Isso dá aproximadamente 60 anos de carreira. O curso universitário que fazemos nos deixa preparados para isso? De jeito nenhum.
É preciso pensar em um novo modelo de educação continuada. Preparar as pessoas para mudanças radicais no mercado como as introduzidas com internet, mídias sociais, smartphones entre outros avanços tecnológicos das últimas décadas.
Existem hoje iniciativas de lifelong learning, mas elas são desconectadas entre si. Não há cursos relacionados ao contexto etário das pessoas. Os programas de educação continuada trazem novos conhecimentos e na sala temos pessoas de diferentes contextos que precisam de diferentes abordagens de ensino.
É preciso criar um ecossistema sustentável (que as pessoas possam pagar e que seja lucrativo para empresas). Pensados para uma carreira de 60 anos e que considere contextos de pessoas de 20 a 85 anos estudando.
Um dos caminhos é repensar tanto o stack tecnológico das escolas (incluindo LMS — Learning Management Systems, Sistema de Gestão da Aprendizagem) quanto certificações usando, por exemplo, open badges.
No painel “A mudança de conteúdo para comunidade” Wes Kao (Maven) falou da mudança de MOOCs (Massive open online course) para Cohort Based (turmas).

A ideia é continuar usando ferramentas online, mas com interações com o professor para aumentar o percentual de conclusão do curso. Atualmente em cursos online apenas de 3% a 10% das pessoas terminam o programa.
O conteúdo se tornou commoditie, está disponível nas redes sociais, em newsletters e youtube. Neste novo mundo reunir pessoas on-line em comunidade se tornou o novo valor que as escolas devem prosseguir.
Wes continuou a palestra com algumas dicas, por exemplo
- Comunidade é Bi-direcional (P2P) — todos aprendem com todos e não é apenas o professor que fala.
- A atenção de um estudante oscila entre 4 a 6 minutos, então a cada 5 minutos crie uma atividade interativa na sua aula.
- O professor precisa encontrar o equilíbrio entre conteúdo sério e diversão para prender a atenção da turma sem que eles durmam ou apenas se divirtam sem aprender nada.
- Ótimos cursos gastam 80% do tempo explicando “como fazer” e não apenas “o quê” ou “por quê”.
Hoje é um dia mais curto no SXSW EDU, espero que você tenha gostado da minha cobertura até aqui. A partir de amanhã continuo escrevendo sobre o SXSW Interactive, cadastre-se neste link para acompanhar a cobertura pela Digital House.