Adaptando o treinamento de soft skills para a força de trabalho atual

Softs skills são as suas habilidades comportamentais e eu sempre as enxerguei como algo a ser desenvolvido individualmente. No painel composto por Aaron Demerson (Texas Workforce Commission), Starr Corbin (Diligent Robotics), Jay Burcham (Brentwood Christian School) e CJ Niehoff (Transition Skills Training Inc), falou-se do aspecto coletivo das soft skills.

Sim, você precisa desenvolvê-las individualmente, mas o foco do aprendizado das soft skills não deve ser em si, mas no outro, é um aprendizado coletivo. Desenvolver bem as suas soft skills vão lhe tornar um funcionário mais atraente para a empresa, mas acima de tudo, vão lhe tornar um ser humano melhor.

Com os avanços em diversidade e inclusão os ecossistemas corporativos se tornaram mais complexos. Como se comunicar, como trabalhar em equipe, como gerenciar projetos, tudo isso muda com equipes diversas. Além disso, temos diferentes gerações na mesma equipe, e pessoas de diferentes lugares e culturas trabalhando remotamente!

Exemplo: no passado fazer hora extra era algo corriqueiro. Hoje isso pode esbarrar em questões como:

  • O funcionário estuda à noite;
  • O funcionário está em outro fuso horário e não pode acompanhar o time;
  • O funcionário precisa buscar os filhos ou netos na escola.

Vale ressaltar que contratar apenas pessoas que façam hora extra (pegando o exemplo acima) não é uma opção. Contratar um monte de gente igual remove componentes de criatividade fundamentais no sucesso de uma empresa.

Aí entram em campo algumas soft skills, por exemplo:

  • Empatia, para entender o custo emocional dessas situações;
  • Comunicação assíncrona, para trabalhar com os times sem necessariamente estarem todos online ao mesmo tempo;
  • Adaptabilidade, para considerar essas questões na gestão do projeto.

Ainda por cima existem diferentes contextos de socialização:

  • O mundo que acontece nas redes sociais;
  • O mundo dentro de casa, com a família;
  • O mundo do trabalho, com os colegas de empresa;

Cada um desses contextos pode exigir diferentes comportamentos e saber adaptar suas habilidades comportamentais a cada um deles é um aspecto relevante do desenvolvimento de soft skills.

Outra questão relacionada ao aspecto coletivo das soft skills diz respeito a liderança da empresa. Tem sido difícil contratar pessoas qualificadas em diferentes setores e muitas vezes a empresa perde esse talento por falta de soft skills da liderança.

Felizmente existem algumas formas de medir o desenvolvimento das soft skills para proteger empresas e indivíduos nessas situações:

  • Avaliando seus colegas: você pode listar as softs skills (comunicação, empatia, gestão de projeto) e pedir que um funcionário avalie as pessoas com as quais ele interage com notas de 1 a 5.
  • Metas: aqui é necessária uma capacidade de auto-avaliação, consiste em definir metas atreladas a soft skills e apontar se elas foram ou não alcançadas num determinado espaço de tempo.

No final das contas tudo se resume em reconhecer o valor do outro, e reconhecendo o valor do outro podemos aproveitá-lo da melhor forma possível para a empresa. É um jogo de ganha-ganha onde empresa e funcionário estão felizes.

Hoje um funcionário ideal possui 50% de hard skills e 50% de soft skills em seu currículo e a melhor forma de desenvolver as habilidades comportamentais são através de interações sociais.

Mesmo na tecnologia é preciso lembrar que softwares interagem com seres humanos, dados são sobre pessoas, profissionais de tecnologia que são bons com pessoas são melhores em seu trabalho.

Não dá mais para contratar alguém baseado em um certificado de graduação, é preciso se certificar de que a pessoa sabe interagir bem com outras pessoas.

O estado da XR na educação: tendências e insights

Vivemos num mundo onde crianças já constroem seus mundos dentro de plataformas como Minecraft, Roblox e Fortnite, para eles a ideia de um metaverso não é complexa.

Maya Georgieva (Digital Bodies) leciona na The New School em Nova Iorque. Seus alunos criaram vários projetos de Storytelling onde você podia navegar dentro das histórias e encontrar mundos de fantasia. Alguns desses mundos são para diversão, outros para fugir da realidade ou para lidar com o luto que alguns passaram recentemente.

Achei os projetos extremamente maduros. Crianças vivem no mesmo mundo que vivemos, com habilidades mais avançadas no que diz respeito a mundos virtuais. Com liberdade criativa elas são capazes de nos surpreender num universo que a maioria dos adultos não domina ou até desconhece.

Outra inovação, dessa vez partindo das escolas, é a emissão de certificados em NFT.

Para quem não sabe NFT é a sigla para Non Fungible Token, nome que se dá a um token (código) que representa um ativo digital único. XR é a sigla para eXtended Reality, ou seja, qualquer uso que expanda os limites da nossa realidade, isso inclui AR (aumentada), VR (virtual) e MR (mista AR+VR).

E porque eu expliquei tudo isso? Por que ainda não tinha pensado ainda em NFT como XR. Se transformo meu certificado em token, posso fazer coisas que não fazia antes: checar a autenticidade sem precisar falar com a universidade e tê-lo à minha disposição sem carregá-lo comigo.

Tudo isso sem considerar os avanços em Eye Tracking (acompanhar o movimento dos olhos) e Haptics (simular sensações no tato) que dependem de equipamentos como óculos virtuais, luvas ou joysticks.

O futuro? Maya recomenda treinar as crianças (e adultos) em questões como dados e privacidade para entenderem melhor o valor do que compartilham no mundo virtual e os riscos de expor a identidade online.

Outro ponto que a deixou bem animada é como o processamento de computadores quânticos pode produzir coisas ainda inimagináveis nos mundos virtuais. De fato podemos ter prédios mágicos que se reconfiguram e problemas que se resolvem sozinhos de forma automática e outras possibilidades consideradas absurdas pelos padrões da computação atual.

No momento estamos vivendo a era da experiência. Mundos digitais que já são realidades nos games para crianças e jovens, em breve serão realidade para adultos com o crescimento do Metaverso de Mark Zuckerberg.

Mente sem Barreiras: As Chaves para Destravar seu Potencial Ilimitado de Aprendizagem

Jo Boaler além de professora em Stanford é diretora da YouCubed, uma empresa que fornece ferramentas revolucionárias de ensino para professores.

Ela é autora do livro Mente sem Barreiras: As Chaves para Destravar seu Potencial Ilimitado de Aprendizagem e a palestra conta um pouco desse e de outras (muitas) de suas publicações.

Ela começa falando que ninguém nasce com um cérebro de exatas ou de humanas e que todos têm potencial para aprender tudo.

Quem assistiu alguma palestra minha nos últimos 4 anos, tem grandes chances de ter ouvido a mesma ideia. Aliás, ao pesquisar no Google descobri que eu e Jo Boaler fazemos aniversário no mesmo dia! Mas longe de mim querer me comparar com ela de qualquer maneira, acabei de virar fã e fiquei feliz em ter algo em comum com minha ídola!

No livro “Mente sem Barreiras” ela fala de 6 chaves para destravar seu potencial, na palestra ela falou rapidamente de 3 chaves:

  1. Crescimento e mudança do cérebro: aqui ela conta sobre as ligações entre os neurônios que se formam conforme aprendemos.
  2. Esforço: aqui ela explica como o esforço é parte crucial do aprendizado e devemos abraça-lo, se está sendo difícil aprender é um bom sinal, significa que o seu cérebro está crescendo.
  3. Mentalidade: aqui ela explica como precisamos mudar a forma de pensar, podemos ter uma mentalidade fixa ou de crescimento.

Quem tem uma mentalidade fixa geralmente desiste diante das dificuldades, quem tem uma mentalidade de crescimento sofre com os erros, mas se esforça para seguir adiante.

Ela destaca que a mentalidade não é um conceito fixo em cada pessoa. Em algumas situações o indivíduo pode pensar de maneira fixa, em outras o mesmo indivíduo pode reagir com a mentalidade de crescimento. Você define onde você quer crescer.

Depois ela mostra um vídeo incrível de crianças descobrindo, através de um bootcamp, que matemática é sobre criatividade e não certo e errado. Para nos dar uma amostra dessa relação ela pediu que mentalmente fizemos a seguinte conta: 18 × 5

Depois perguntou mentalmente como nós fizemos:

  • Algumas pessoas fizeram 5 × 20 – 5 × 2 = 100 – 10 = 90;
  • Outras fizeram 5 × 8 5 × 10 = 40 50 = 90 (eu fiz assim);
  • Outras fizeram 5 × 18 = 10 × 9 = 90

Depois mostrou que todos esses cálculos têm relação com áreas em geometria e como existem múltiplos métodos para se chegar na mesma solução.

Os alunos que passaram pelo bootcamp de matemática melhoraram suas notas em 50%, obtendo um crescimento no aprendizado de matemática equivalente a 2,8 anos de estudo!

Apesar de ser sobre matemática, podemos levar essas ideias para qualquer área de aprendizado. Sempre existem muitas maneiras de se resolver um problema e vale a pena se esforçar para aprender, é o seu cérebro crescendo!