Eu confesso que tinha pensado em outro título, mas talvez esse lhe desperte mais atenção!
Pâncreas Artificial (Open Source)
Na primeira e mais impressionante palestra do dia Scott Hanselman, falou de sua jornada durante 25 anos lutando contra diabetes do tipo 1.
Ele explicou no começo da palestra como funciona cada tipo de Diabetes, se você tiver curiosidade aqui há uma ótima analogia em seu blog. Aliás vale destacar que ele é programador na Microsoft, professor e palestrante além de blogueiro e maker nas horas vagas.
Quando entendeu que sua maior chance de sobrevivência (o sonho de Scott é morrer de velhice e não de diabetes) estava em controlar com mais precisão seus níveis de açúcar e injeções de insulina ele começou organizando os dados em uma planilha, fez um app para Palm Pilot e mais tarde um app para celular, chamado Loop que ele usa para controlar o nível de açúcar no sangue e as injeções de insulina através de seu pâncreas artificial. O código do seu app está disponível de forma Open Source no GitHub.
Bomba de Insulina
Basicamente o que é chamado de pâncreas artificial é um conjunto que injeta insulina automaticamente de acordo com um medidor de glucose.
Um dos primeiros conjuntos funcionais foi organizado por Dana M. Lewis:
O interessante a partir daí foi Scott explicando como a jornada para manter isso funcionando foi complexa.
Em primeiro lugar a parte bonita da história: Colaboração – diversas pessoas, a partir do arranjo de Dana, começaram a otimizar, encolher e combinar as partes desse pâncreas artificial.
Em segundo lugar o pesadelo: equipamentos fundamentais para funcionar eram descontinuados, fabricantes se negavam a oferecer especificações. A indústria médica tradicional queria manter variações miniaturizadas dessa solução apenas para si.
A partir daí a comunidade combinando um pouco de hacking, compras de equipamentos antigos no “mercado negro” (Ebay), doações de quem podia repor equipamentos, muita cultura maker e vontade de viver continuaram evoluindo partes do sistema, como o RileyLink.

Comunidade
Além do hardware em si tem outra questão bem interessante, lembra da minha reflexão ontem sobre dados? Existe uma associação chamada The Nightscout Foundation que trabalha para monitorar os dados dos diabéticos à distância (muito útil para as famílias, principalmente para pais acompanharem seus filhos) e permitem que os dados sejam doados para pesquisas.
Com isso a comunidade Open Source tem conseguido criar algoritmos cada vez melhores e personalizados para fazer as predições de injeções de insulina cada vez mais precisas, mantendo o açúcar no sangue o máximo de tempo possível em níveis saudáveis.
Se você quiser colaborar com a comunidade pode fazê-lo através do site da OpenAPS (Open Artificial Pancreas System).
Triatleta de 83 anos (Cultura Corporativa)
Larry Senn já trabalhou com 120 das empresas no ranking da Fortune 500, corre 6 triatlos por ano e fez a primeira pesquisa de cultura corporativa em 1970 que lhe valeu seu doutorado.
Sua apresentação é incrível, foi bem prática e envolvente, apesar de não trazer nada disruptivo às vezes é muito bom receber um playbook de alguém com bastante experiência.
A cultura, estrutura e estratégia da empresa precisam estar alinhadas para o sucesso. O tipo de cultura importa mais do que a maioria dos executivos acreditam.Diferentes companhias, com mesma estratégia, mas culturas diferentes podem ter diferentes resultados. Ser colaborativo, abraçar a mudança, dar feedbacks, ter um ambiente positivo, etc. são alguns dos sinais de uma cultura saudável.
Tecnologias Emergentes de 2019
Uma das palestras mais aguardadas do dia, Amy Webb do Future Today Institute, lançou seu relatório anual de tendências. Como o próprio nome do instituto já diz, são tecnologias que você precisa se preocupar agora, pois elas já estão disponíveis.
O relatório contém 315 tendências (a maioria pronta pra você usar imediatamente), 6 sinais fracos para 2020 (coisas que podem ou não dar certo), 48 cenários (17 otimistas, 20 pragmáticos e 11 catastróficos) entre outras ferramentas, glossários e lista de cidades inteligentes (no Brasil apenas o Rio de Janeiro aparece na lista).
O relatório de 381 páginas é organizado por indústria, vale baixar e dar uma olhada pelo menos no seu segmento.
Afinal de contas, se visitamos a casa da LG no SXSW vamos perceber que algumas projeções futuristas como telas flexíveis já são realidade:
Fim do Trabalho
Peng T Ong, engenheiro e cientista de formação atualmente está no mundo do venture capital depois de lançar diversas empresas bem sucedidas. O propósito da sua palestra foi trazer a seguinte reflexão: Como seria um mundo sem trabalho?
Considerando que as empresas de tecnologia tem crescido e se tornado mais eficientes e bem sucedidas, existe uma possibilidade de que entre 20 e 40 anos não tenhamos mais trabalho.

Num mundo sem trabalho, os sistemas econômicos serão repensados. Se o dinheiro é distribuído baseado na remuneração pela quantidade de horas que você trabalhou, porém não tem mais trabalho o que acontece com a economia?
E o que faríamos com esse tempo livre? Como você gostaria que fosse um mundo onde ninguém trabalhasse? Peng deu alguns exemplos:
Será que devemos nos preocupar com isso? É um problema da nossa geração?
A percepção geral da maioria da população sobre a velocidade da mudança não corresponde as projeções de diversos cientistas.
Quem vai resolver esse problema?
Talvez o trabalho nunca desapareça totalmente? Sim. O fim do trabalho é uma hipótese. Porém o desaparecimento de muitas profissões é bem real.
Uma pesquisa do final de 2018, feita pela Universidade de Oxford, aponta que 47% dos trabalhos vão desaparecer em 25 anos. Se acabarem apenas 50% de todo o trabalho do mundo ainda teremos problemas, pois o mundo não tem um plano!
Vamos adotar uma renda universal? Vamos começar a preparar as pessoas para exploração espacial? Conseguiremos criar novos trabalhos na velocidade necessária?
O mais provável é que o resultado saia de um consórcio entre iniciativa privada e governos de diversos países para começar a mudança.
Talvez a humanidade se adapte sozinha? Sim. Mas se ficarmos esperando talvez a gente não sobreviva num cenário de crise gerada pelo desemprego. Ainda temos alguns anos para desvincular trabalho de renda.
Será que as nações vão se unir, ou o mundo será destruído junto com os empregos?