Finalmente chegamos no futuro, não temos carros voadores mas temos uma rede mundial de comunicação: a internet.

A internet nos proporcionou acesso a quantidades absurdas de dados e muitos deles podem ser encontrados na sua forma mais bruta: manifestações espontâneas da população sobre os mais diversos assuntos, pela primeira vez é possível, ainda que de forma parcial, medir a repercussão de todos os acontecimentos da nossa sociedade.

Isso nos levou a uma era de reflexões, acho fantástico como temas como racismo, machismo, xenofobia, homofobia, transfobia, pedofilia e outras doenças sociais tem sido discutidas mais intensamente.

Quando a opinião alheia não estava disponível publicamente, era aceitável alegar desconhecimento para justificar algum grau de sociopatia, hoje porém é possível se informar e se vacinar contra diversos tipos de preconceitos.

Se você é um ser humano adulto, com acesso a internet e uma educação razoável, mas ainda insiste em alguns tipos de preconceito, só posso deduzir que você escolheu a ignorância como estilo de vida.

É como não tomar uma vacina porque tem efeitos colaterais e reclamar quando a doença surge, você é doente socialmente porque não tomou sua vacina de informação.

Chegamos nos anos 10, mas queremos que as piadas dos anos 80 e 90 continuem engraçadas. Queremos que as pessoas continuem rindo de slogans preconceituosos que só eram engraçadas quando elas não conheciam a dor por trás da discriminação.

O mundo mudou, a percepção da humanidade sobre o outro mudou, hoje posso acompanhar o que acontece no mundo através de depoimentos pessoais publicados em blogs, vídeos no youtube e textões no Facebook. Mas ao invés de pesquisar um assunto muitos preferem se proteger dentro de suas opiniões construídas com base nos seus relacionamentos pessoais mais próximos.

Usamos a opinião de uma dúzia de parentes e amigos como nosso filtro para entender toda a humanidade, e ainda temos acessos de fúria quando somos chamados de arrogantes.

No mercado publicitário eu chamo isso de Preguiça Criativa, é uma doença que atinge tanto profissionais jovens quanto os mais experientes, felizmente não é uma epidemia de mercado incontrolável, mas ainda é uma doença longe de estar erradicada.

A Preguiça Criativa consiste em querer que suas idéias de décadas passadas continuem atuais. Para os profissionais mais antigos são suas próprias idéias que eles insistem em reciclar porque já funcionaram e foram premiadas. Para os jovens profissionais essa doença se manifesta quando eles querem ressuscitar conceitos popularizados por seus ídolos e mestres.

Se antigamente contratar uma pesquisa era caro hoje uma breve busca no Google já revela informações preliminares fundamentais para validar algum conceito e um monitoramento em redes sociais fornece volume de dados suficiente para começar a ter um grau de confiança relevante.

Sem pesquisar nada, muitos profissionais que sofrem de Preguiça Criativa se julgam capazes de produzir e julgar conceitos que estão sendo amplamente debatidos na sociedade.

As consequências da Preguiça Criativa são implacáveis: viralização negativa na internet, ridicularização do nome em praça pública e lamentavelmente às vezes chega na perseguição pessoal presencial.

Existe muito combustível novo na sociedade para a criação de novas idéias e piadas. Basta pesquisar. Num mundo onde até o Zorra Total se reinventou é um pouco deprimente ser o cara que ainda usa piadas velhas e preconceituosas.

Um comentário em “O futuro e a Preguiça Criativa

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