Em algum momento da vida eu desisti de falar para as pessoas que elas estão erradas, os motivos são muitos, mas posso enumerar alguns de cabeça facilmente:
1) Eu deixei de acreditar em certo e errado de forma absoluta faz tempo, mas o que mais mexeu comigo foi perceber que o que eu chamava de errado era na verdade aquilo que contradizia minhas experiências e/ou minhas crenças. Ou seja, mudando a perspectiva o errado poderia ser eu.
2) Às vezes o erro da pessoa vinha de uma falha clara de julgamento/avaliação/entendimento do que ela estava fazendo, ao contradizer essa pessoa eu removia o foco dela do aprendizado e movia o foco para um embate pessoal, muitas vezes ela insistia nesse erro como uma forma de queda de braço emocional comigo. Eu me desgastava e ela não aprendia nada.
3) Eu era visto como o tirano da história, a pessoa seguia meu conselho, problemas eram evitados, mas eu era o grande filho da puta. Deixar outras pessoas errarem, desde que não me afetasse diretamente, era uma forma de fazer com que outra pessoa fosse o grande filho da puta.
E a lista é imensa, acredite, são poucas as situações onde você vai apontar o erro de alguém e você vai se dar bem com isso.
Mas existem duas situações onde eu ainda me vejo forçado a corrigir outras pessoas.
Uma situação é simples: Trabalho. Quando vendo consultoria eu sou capaz não somente de apontar as alternativas corretas mas justificar os benefícios das minhas opções contra as consequência do que eu julgo errado, é uma análise bastante racional e fundamentada em muita experiência. Raras vezes sai algum tipo de embate nesse campo.
A outra situação é bem complicada: Emocional. Quando você ama alguém você não quer ver esse alguém se ferrar com as mesmas coisas que você. O que tem me ajudado nessa situação é entender que a outra pessoa não sou eu. Eu posso ter sofrido com aquela decisão, mas uma pessoa diferente, tomando a mesma decisão, pode ser feliz. E nessa hora eu procuro contar minhas histórias, o que deu errado e deixar a pessoa decidir como usar aquilo para o seu bem, e às vezes me ignorar é uma alternativa que funciona muito bem.
É difícil se calar para quem você ama, mas forçar uma pessoa a fazer as coisas do seu jeito também não é liberdade. Meu pai fez isso muito bem comigo, me ajudou a entender as opções e fazer minhas próprias escolhas, espero que eu seja capaz de fazer o mesmo nos desafios que tenho pela frente.